Portocath: O que é? Conhecendo o portocath
Dúvidas mais frequentes em mais de uma década de experiência

“Tudo novo para mim.”
Esta é a sensação mais comum ao iniciar o tratamento oncológico. Mas logo depois vem a palavra portocath, cateter para fazer quimioterapia. E a ansiedade intensifica. O portocath surge neste momento conturbado, mas felizmente para ajudar. Ao invés de portocath você pode encontrar a palavra port-a-cath ou simplesmente port — trata-se do mesmo dispositivo. Discuti os diferentes tipos de grafias encontradas neste artigo. Aqui vou utilizar a palavra portocath.
Antes de entender como o portocath funciona, é importante saber o que é um cateter.
O que é cateter?
Um cateter é um dispositivo utilizado para a coleta de sangue e administração de medicamentos, normalmente inserido em uma veia. Quando a quimioterapia é indicada, a necessidade de um cateter surge para facilitar a aplicação do quimioterápico.
E o portocath, o que é?
Portocath é um tipo de cateter — na verdade, muito mais avançado. Há décadas vem evoluindo para oferecer melhor formato e material, tudo isso para proporcionar mais conforto. Ele é composto por duas partes: uma chamada reservatório, que fica embaixo da pele, normalmente alguns centímetros acima do peito; e outra que é o cateter que entra na veia.
O portocath pode permanecer funcional por vários anos, muitas vezes entre 2 e 5 anos. Ou seja, além da durabilidade, apresenta menor risco de infecção e maior praticidade no dia a dia. Para o paciente, reduz a quantidade de punções dolorosas e melhora a qualidade de vida durante o tratamento. Cada vez que ele é utilizado, emprega-se uma agulha com características peculiares, conhecida como agulha de Huber, que preserva a parte de silicone do reservatório onde é feita a punção.
Indicações, benefícios e dúvidas frequentes
O portocath costuma ser indicado para quem precisa de quimioterapia de longa duração, mas também pode ser usado para receber antibióticos e até para coleta de sangue frequente. A grande vantagem é reduzir as picadas de agulha, diminuir riscos de infecção e trazer mais conforto ao paciente. Muitas dúvidas surgem nesse momento: dói para colocar? Quanto tempo dura? Precisa de manutenção? Vamos responder todas essas questões a seguir.

Componentes do portocath: reservatório (abaixo da pele) e cateter (inserido na veia).
Posso optar por fazer a quimioterapia sem o portocath?
A indicação do portocath depende sempre da avaliação do oncologista. Em geral, dois fatores são considerados: o tipo de quimioterapia (algumas drogas exigem aplicação em veias calibrosas para evitar lesões) e a duração do tratamento. Quando o tratamento é prolongado (geralmente mais de seis meses), o portocath tende a proporcionar muito mais conforto. Já em tratamentos mais curtos ou com medicações menos agressivas para a veia, muitas vezes é possível utilizar apenas punções periféricas, sem necessidade de implante.
Vou ficar com algo visível?
O portocath é totalmente implantado sob a pele. Normalmente não fica aparente, apenas podendo formar uma discreta elevação no local do reservatório.
Posso tomar banho ou ir à praia?
O portocath não costuma limitar suas atividades do dia a dia. Você poderá tomar banho normalmente e também está liberada a ir à praia ou piscina, desde que o local da pele esteja bem cicatrizado após o implante. Esportes de intensidade leve a moderada geralmente são permitidos, mas sempre converse antes com o seu médico. É importante apenas evitar impactos diretos na região do portocath e redobrar os cuidados com a higiene da pele para reduzir o risco de infecção.
Vou poder dormir virado para o lado do portocath?
Sim. Não há nenhuma restrição quanto a isso. Depois da cicatrização, você poderá dormir de lado normalmente. No início pode haver um pouco de desconforto ou sensibilidade no local, mas isso tende a melhorar com o tempo. Apenas evite pressão excessiva direta sobre a região nas primeiras semanas após o implante.
Terei algum problema nos detectores de metais no banco ou aeroporto?
O portocath geralmente não dispara os detectores de metais em bancos ou aeroportos. Como a maioria é feita de titânio, um metal biocompatível, raramente causa alerta, embora alguns detectores mais sensíveis possam acusar. Por segurança, leve sempre o cartão de identificação do portocath ou um laudo médico. Assim, caso seja necessário, você poderá apresentar a documentação ao agente de segurança. Importante: em geral o portocath não impede a realização de exames como raio-x ou ressonância magnética, embora possa exigir cuidados específicos — confirme sempre com seu médico e informe o modelo do dispositivo ao serviço de imagem.
Como é feita a manutenção do portocath?
A manutenção do portocath é simples. Quando o dispositivo não está sendo usado com frequência — por exemplo, após o término da quimioterapia — é necessário realizar uma limpeza chamada “flush”, feita por meio de punção com agulha de Huber, geralmente a cada um ou dois meses. Esse procedimento mantém o cateter desobstruído e pronto para uso futuro. Não é necessário o uso de curativos no local, já que o reservatório fica totalmente implantado sob a pele. Com o tempo, muitos pacientes até esquecem que têm o portocath, justamente pela praticidade e conforto que ele proporciona.
Quando o portocath é retirado?
O portocath costuma ser retirado quando o tratamento quimioterápico é finalizado e não há mais previsão de uso para medicamentos endovenosos. A remoção é feita em centro cirúrgico, por meio de uma pequena incisão na pele. É um procedimento simples e rápido, geralmente realizado com anestesia local, podendo em alguns casos ser associada a uma leve sedação. O paciente normalmente volta para casa no mesmo dia. Em alguns casos, quando há chance de novos tratamentos, o oncologista pode recomendar manter o portocath por mais tempo. A cicatrização costuma ser rápida e, após alguns dias, o paciente retoma suas atividades normalmente.
Quais são os problemas do portocath?
A principal desvantagem é que sua colocação exige um pequeno procedimento cirúrgico, geralmente com jejum e uma rápida internação. Como toda cirurgia, há riscos de complicações — as mais comuns são infecção no local, obstrução do cateter ou deslocamento do dispositivo. Esses problemas são pouco frequentes e podem ser prevenidos com técnica adequada de implantação e manutenção regular.
Também é importante lembrar que, logo após o implante, pode haver algum desconforto ou dor leve na região, que costuma melhorar em poucos dias.
É um sacrifício inicial, mas os benefícios a longo prazo compensam.